Falar de desenho é sempre um passe direto à infância. Lembro-me como se fosse hoje: da empolgação que me tomava conta diante do movimento, das cores e principalmente das histórias dos desenhos animados daquela saudosa década de 80. É bem provável que tudo tenha começado ali, sentado ao sofá, no deslumbre dos desenhos e de suas histórias. A arte visual e a narrativa. Foi por essa época, dos meus sete, oito anos, que aprendia a desenhar, enquanto acompanhava assiduamente a primeira “novela” que me encantaria. Um drama que se passava em Etérnia, algo sobre dois irmãos gêmeos separados no nascimento e encarregados pelo destino de se reencontrarem e lutarem pelo mal. Eu passava horas diante da tevê, com as minhas fitas vhs xupinhadas do Show da Xuxa, com o videocassete em pause, tentando copiar da tela meus heróis favoritos, como o mais assíduo aluno à sua lição de casa. Lá pelos 14 anos a brincadeira me renderia meu primeiro salário, como desenhista para uma famosa loja de decoração de festas da cidade. Depois outra loja, e outra. E o que seria um bico só acabou no último ano da faculdade. Hoje, publicitário, além de Redator e Diretor de Arte, trago comigo mais esta ferramenta: a arte de desenhar e colorir, tanto à mão como digitalmente. Cabia aqui, a Adam e Adora, mais conhecidos pelos leigos como He-Man e She-Ra, esta singela homenagem. Com estes heróis, aprendi não só a desenhar, como também as bases da ética universal, lições inestimáveis. E também descobri um segredo. O poder dos irmãos gêmeos nunca esteve naquelas espadas mágicas. Herói é todo aquele que soube botar pra fora o melhor de si.